quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Incredible India

Minhas primeiras impressões da India foram um tanto quanto traumáticas.
Assim que cheguei ao Aeroporto de Coimbatore, já senti o bafo de ar quente da cidade, bem diferente de quando desci em Londres, beeeem diferente...
Eu estava nervosa, torcendo para que a pessoa que ia me pegar no aeroporto ja estivesse lá, porque se não estivesse, acho que eu teria pego o próximo voo e voltado pra casa.
Bom, isso nao aconteceu, na saida já estava um moço, Neru, com uma plaquinha escrito 'Michelle Cristina Bueno, Brazil'. Foi muito confortante vê-lo, pois quando desci veio uma multidao de taxistas e sei lá que outros tipos de pessoas dizendo: 'Help?' 'Help?' 'Help?'.
E eu não tava muito no clima indianesco naquela hora.
O Neru é bem simpatico, fomos para a SACON no jipe do Governo da India. Estiloso, todo de veludo vermelho por dentro, bem a 'la indiana'. Mas por fora, na cidade, um choque gigante para mim.
Sim, sabia que a India é um país com um alto indice de pobreza. Não, eu não assisti 'Quem quer ser um milionario', na verdade eu assisti o comecinho e o final, como diz um amigo, a parte que ele já é um milionario, por isso escolhi vir pra cá. haha
Bom, não foi muito legal ver aquilo tudo, eu realmente não estava preparada.
De cima do avião, já deu para ter uma ideia de como seria, vou tentar descrever, mas acho meio dificil para quem nunca esteve aqui conseguir imaginar o cenário.
O caminho do Aeroporto para a SACON passa pelo que eu acho ser a periferia da cidade, ainda não sei se a cidade toda é assim. Tudo é marrom, as casas, as lojas, as pessoas, as roupas delas, os animais, os carros não, os carros e os onibus são super coloridos e bem limpos por fora, até.
O lixo transborda pelas ruas e as casas melhores são as casas sem reboque, porque as 'favelas' mesmo são de palha.
Não consegui tirar fotos, eu mal conseguia piscar.
Nas ruas cheissimas de curva, os carros dividem espaço apertados com motos, outros carros, onibus, vacas, cabras, cachorros e pessoas. E o trânsito é mais do que caótico, não tem nada que defina o trânsito daqui. Dizem que os indianos dirigem muito mal, mas na verdade eles dirigem muito bem, por que se não, eu teria morrido umas 4 vezes no caminho.
A buzina é como um desabafo pra eles, eles buzinam para tudo, para entrar numa rua, para acelerar, para frear, para tentar impedir uma vaca de se suicidar. Ás vezes eles buzinam até para o nada, teve uma hora que, sério mesmo, não tinha motivo nenhum para o motorista buzinar, nada no caminho, nenhuma pessoa, nenhum animal, e ele buzinou. Vai entender.
Aqui o volante é invertido, assim como o sentido das ruas, mas isso nao é um fator limitante para os indianos. Eles parecem não se importar se estão ou nao na mão deles, quase sempre eles andam na contra mão, isso gera infinitas 'quase colisões'. Quando não tem nada na pista eles ficam bem no meio. Não dá pra explicar.
Quando cheguei a SACON, estava acabada. Foram quase dois dias sem dormir, um baita jetlag e um grande choque cultural.
Mas hoje ja consegui reparar melhor como ela é bonita. Depois vou escrever um post só sobre ela.
Conheci meu chefe Dr. Karuna Karan, ele parece ser bem legal, uma estudante daqui disse que ele é o melhor pesquisador do Instituto e não tem muitos alunos. E ele me escolheu, fiquei bem orgulhosa disso. Ela trabalha justamente com o que já trabalhei e com a minha linha de pesquisa, Ecologia de Paisagens e Serviços Ecosssistêmicos usando SIG.
Ele percebeu minha cara de exausta e falou para eu ir descansar e que amanhã conversaríamos.
Fui para o quarto que vou dividir com outras duas indianas Natasha e outra que ainda não consegui entender o nome, os nome aqui são bem complicados.
Bem simples, mas aconchegante. Minha cama não tinha colchão, era tipo uma almofadinha bem fina em cima do ferro chapado que era o estrado, e eu não tinha lençóis também, só chegaram, junto com um colchão melhor, hoje de manhã. Tive que dar uma improvisada com as minhas toalhas.
Vi o tal do banheiro asiático, engraçado, e não é tão desconfortável assim, por incrível que pareça. Mas me recuso a me adaptar ao movimento: ' Diga não ao papel higiênico'. haha
Eles não costumam usar, sempre se lavam depois de realizar suas necessidades diarias. Não gostei muito da idéia, vou continuar com meus hábitos ocidentais. Gosto muito deles nesse caso.
Os indianos são bem esquisitos, mas o pessoal aqui do instituto é legal e prestativo. Quando eu conseguir entender mais ou menos como funciona a cabeça dessa galera, vou dedicar um post todo a eles.
Aqui na SACON, o instituto onde vou trabalha e morar, encontrei uma paz que achei que não existisse nessa loucura de país.  O lugar é bem limpo, a paisagem é lindíssima e os prédios também, existem vários animais selvagens como esquilos, pavões, varios répteis, porcos selvagens, inclusive elefantes. Eles tem hábitos noturnos aqui e quando eles decidem entrar na área do instituto ninguém mais sai nem entra de onde quer que esteja. Tem que esperar o sinal de que eles foram embora. Até porque, imagino que não seja facil enxotar um elefante.
Os cientistas daqui são tops, os estudantes são muito inteligente e a biblioteca é muito bem servida de livros e jornais cientificos e tem várias edições da National Geographic (s2) acho que vou morar lá praticamente.



A comida daqui é muito boa, diferentíssima e super apimentada, mas gostosa. Não sei o nome de nada e nem o que é, só como e torço pra que aquilo não queira sair desesperadamente do meu corpo mais tarde. Até agora não tive problemas.

E comer com a mão é bem divertido. Gostei. Mas acho que em breve tenho que reabastecer meu armazenamento de alcóol gel porque eu uso a cada 20 minutos... no máximo.
Bom, tenho mais um milhão de coisas pra escrever, vou postando conforme for entendendo melhor como funcionam as coisas aqui.
Esses primeiros dias aqui estão sendo difíceis, tenho que revelar, mas ninguém me disse que seria fácil mesmo...
Namastê